Henrique Braga

Cartografias Vegetais, Flor de bananeira e Araceae

 

Apresento aqui três trabalhos recentes em minha produção, que desenvolvi entre 2019 e 2020. O primeiro integra a série Cartografias Vegetais, que reúne uma variedade de experimentos e exercícios em torno da poética de imaginar mapas a partir da fisiologia vegetal. Neste trabalho me utilizo da fotografia digital para registrar um desses procedimentos, que é o bordado/costura sobre folhas desidratadas; quase um desenhar que decalca as linhas que povoam o tecido celular das folhas.

As segunda obra, Flor de bananeira, explora sensibilidades extraídas de representações da flora, inspirando-se diretamente na ilustração botânica, na composição de fichas de estudo, exsicatas, etc. É um exercício de representação naturalista das inflorescências que compõe o cacho da bananeira (musa x paradisíaca), apresentada na forma de um políptico de pequeno formato, com quatro obras de 10, 5 por 15 cm cada. As flores utilizadas como referência foram coletadas no meu próprio quintal, onde passo a observar os ciclos de desenvolvimento do cacho e da flor da bananeira, culminando finalmente na queda das flores caducas que ficam espalhadas pelo chão do quintal, e que vou colecionando ao lingo desse processo.

A terceira obra, também uma aquarela, intitulada Araceae, é inspirada nos fenômenos da propagação vegetativa e fototropismo, e foi realizada logo quando passei a incorporar as ilustrações de plantas da família araceae nos meus desenhos e estudos. Me interessa e fascina a corporeidade com que os indivíduos desse grupo (do qual também faz parte a bananeira ) exploram o espaço ao redor, na busca de tecer caminhos, amarras, circuitos, nós, torvelinhos, através dos desenvolvimentos suas raízes aéreas.

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Henrique Braga

Henrique Braga é artista multilinguagem, nascido em Fortaleza (CE). É formado em artes visuais pela Universidade Federal do Recôncavo baiano. Em sua obra investiga afinidades entre arte e biologia, construindo relações que evidenciam processos e estruturas vitais dos organismos, tendo como disparadores o desenho, o bordado e seus desdobramentos. Em sua trajetória passeou por diversas linguagens, realizando projetos voltados para animação, fotografia, vídeo arte, performance, curadoria e expografia de exposições.

Foi idealizador e curador da exposição “Autópsia do invertebrado: Um Museu Para a Ciência do Imaginário”, realizada em Cachoeira-BA, em 2017. Participou de projetos de extensão em gravura e realizou monitoria para as disciplinas de gravura e escultura do curso de artes visuais da UFRB, em 2014. Na mesma época integrou o projeto de pesquisa “Estudos e Pesquisas Multidisciplinares em Processos Artísticos“, coordenado por Antônio Carlos Portela, (2013-2014). Concluiu diversas formações complementares em artes, dentre elas, o Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes, em 2019.

Participou de exposições coletivas na capital cearense e em cidades do interior do Brasil, dentre elas o “I Salão de Arte em pequenos formatos do Mabri” (Museu de Arte de Britânia- GO, 2019), e a “II exposição coletiva Os Pensamentos do Coração” (Fortaleza, Porto Dragão, 2019). Desde 2018 integra também o projeto Carta-Borda, coordenado pela artista brasiliense Suyan de Mattos, e que consiste na troca de “correspondências bordadas” entre artistas do Brasil e de localidades da America Latina, América Central e Europa.

Assina com o heterônomo de plantomorpho, através do qual assume um duplo vegetal, com o qual experimenta situações e relações que amplifiquem as sensibilidades para com o reino vegetal. Vive e trabalha em Fortaleza.