Lucas Dilacerda

Renascimento (2015)

Pintura, 3m x 3m.

Uma vez me contaram que a pintura havia morrido. Eles até tinham um nome para isso, chamavam esse fenômeno de “A morte da pintura”. Era o fim da pintura e o fim do modernismo. Eu ri e perguntei para mim mesma: “Que pintura é essa de que eles estão falando?”. Se a pintura havia morrido, por que eu continuava vendo pinturas e mais pinturas estampadas nos museus, nas galerias e nas salas de espera de algum consultório? Era porque o que tinha morrido não era a pintura, mas sim uma maneira de produzi-la. Foi aí que eu decidi me tornar um pintor e produzir uma pintura que eu jamais tinha visto. Para isso, eu precisei entender que a morte não é o fim da vida, mas sim um processo de destruição para a criação de algo novo. Se algo morre, é para que algo novo nasça, germine e ganhe vida. Foi apenas mergulhando neste luto que eu encontrei uma nova maneira de reviver a pintura. Isso me lembrava os estudos de Aby Warburg sobre o reaparecimento da antiguidade clássica no renascimento moderno, ele chamava esse fenômeno de “pathosformel”, que era a vida após a morte da arte, uma sobrevivência das imagens, ou seja, um nascer de novo, um renascimento.

Nesta pintura, o corpo se torna o pincel, o movimento se torna a pincelada e as cores se tornam a velocidade. Pintar a própria pintura.


Lucas Dilacerda

Lucas Dilacerda é filósofo e curador. Graduado (Licenciatura e Bacharelado) em Filosofia, com distinção Summa Cum Laude, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Tem Especialização em Filosofia Clínica, pelo Instituto Packter, em andamento, e é mestrando em Filosofia na Universidade Federal do Ceará (UFC). Durante a graduação, foi bolsista de iniciação acadêmica no Grupo de Estudos em Deleuze e Guattari (GEDEG) e bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET-Filosofia). Foi pesquisador do Núcleo de Pesquisa do Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC) e integrante do Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes.

Atualmente, é coordenador do Laboratório de Arte Contemporânea (LAC) e do Laboratório de Estética e Filosofia da Arte (LEFA). É membro do Laboratório de Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR), do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC, e coordena o Grupo de Estudos em Estética e Filosofia da Arte (GEEFA). É membro do GT Benedictus de Spinoza – ANPOF e do GT Deleuze – ANPOF. Pesquisa nas áreas de Arte e Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: Ética, Estética, Filosofia da Arte, Cinema, Tempo, Imaginação, Corpo, Afeto e Arte Contemporânea. Foi curador das exposições “Soterramento”, “Arre_ mate” e “Ant_ Corpo”. Participou de diversas exposições e foi vencedor do 70º Salão de Abril.

Instagram: @lucasdilacerda. E-mail: lucasdilacerda3@gmail.com.